A cafeicultura é uma atividade que exige atenção e técnicas adequadas para garantir uma colheita produtiva e de qualidade. Patrick de Souza, consultor do Departamento Técnico da Cocari, aponta detalhes no manejo do café que podem maximizar a produtividade.
Entendendo a necessidade do solo
Segundo o consultor, o primeiro passo para alcançar altos rendimentos é garantir um bom manejo do solo. "É fundamental realizar uma análise de macro e micronutrientes, dividindo o solo em camadas de 0 a 20 cm e de 20 a 40 cm, pelo menos uma vez ao ano. Isso nos permite entender as necessidades do solo e complementar com a adubação adequada, utilizando também a análise foliar para avaliar a capacidade de absorção dos nutrientes no tecido vegetal das plantas", explica Patrick.
Um solo bem corrigido é essencial, e o pH ideal para o cultivo do café deve estar entre 6,0 e 6,5. "Caso o pH esteja fora dessa faixa, é necessário fazer correções com calcário. É importante que todos os nutrientes, tanto os macronutrientes quanto os micronutrientes, estejam em equilíbrio, não adianta aumentar somente nitrogênio, fósforo e potássio e esquecermos dos demais nutrientes, eles serão fatores que limitarão sua produtividade. Não é porque a demanda é menor que não há necessidade de realizar a adubação. Todos os elementos são importantes nas suas proporções ideais”, enfatiza o consultor técnico.
Plantas de cobertura e controle de doenças
Patrick também ressalta a importância do manejo físico da área. "O solo deve estar descompactado, pois a compactação pode prejudicar o desenvolvimento das raízes, principalmente na implantação da cultura. O uso de plantas de cobertura nas entrelinhas ajuda a reduzir o calor excessivo, e a evitar a radiação solar direta”, aponta.
Ele salienta ainda outro benefício: a reciclagem de nutrientes. “Com a ciclagem de nutrientes, as raízes de Brachiaria, por exemplo, podem chegar até 3 metros de profundidade, extraindo nutrientes nas partes mais profundas e levando à superfície. Através da roçagem, a massa verde se decompõe, servindo de adubação orgânica e promovendo maior retenção de água na lavoura, mantendo a temperatura das raízes entre 19 e 21°C, o que é ideal para a absorção de nutrientes", ressalta.
Além disso, a saúde das lavouras requer controle de pragas e doenças. "Devemos estar atentos a pragas como o bicho mineiro, nematoides, broca e ácaros que causam danos significativos na cultura do café. As doenças como mancha aureolada, phoma, cercosporiose e a famosa ferrugem, também precisam de medidas preventivas. Um bom controle de pragas e doenças não só aumenta a produção, mas também melhora a qualidade dos grãos", afirma Patrick.
Consultoria técnica – um divisor de águas
Com o apoio da Cocari, os produtores têm conseguido aumentar sua produtividade, e um exemplo inspirador é o cooperado José Antonio Silva, de Mandaguari (PR), que justifica o crescimento à consultoria técnica da Cocari, que ele classifica como um divisor de águas. "Muitos produtores ainda não acreditam nos técnicos quando falam sobre tecnologia. Precisamos quebrar essa barreira e acompanhar a evolução. Depois que o Patrick começou a me dar assistência, minha produção mudou da água para o vinho", revela.
Ele destaca que, com a orientação adequada, sua produtividade saltou de 260 sacas em coco para mais de 400 sacas. "A tecnologia da adubação e o uso correto dos defensivos foram fundamentais para essa melhoria. Este ano, mesmo com os desafios climáticos, estou otimista com a colheita e acredito que será muito boa, o que me permitirá pagar todas as contas e ainda ter um lucro", comemora.
Desafios e soluções
José Antonio destaca os desafios enfrentados devido às condições climáticas. "O clima nem sempre está favorável para realizar as aplicações de adubos e defensivos. Por isso, utilizamos adubos protegidos, que têm menor perda", explica. Ele também investiu em tecnologia, adquirindo uma bomba atomizadora para melhorar a aplicação dos produtos, garantindo que toda a planta seja coberta de maneira eficaz.
A importância da irrigação
Patrick destaca a relevância da irrigação, especialmente em um clima que pode ser imprevisível. "Nos períodos de enchimento de grãos, que ocorrem em dezembro e janeiro, a irrigação se torna fundamental, principalmente em anos com longos períodos de calor e falta de chuva. Garantir a umidade adequada é um benefício significativo para a produtividade", reforça.
José Antonio reconhece a importância e investe na irrigação. "Estou com um projeto de poço artesiano em andamento e pretendo plantar mais café para irrigação. Essa técnica é importante quando as temperaturas são mais altas e a chuva pode ser escassa", afirma o produtor.
A experiência de José Antonio Silva ilustra como a integração de tecnologia e consultoria técnica pode transformar a cafeicultura. Com o apoio da Cocari e o uso de práticas inovadoras, os produtores têm a oportunidade de maximizar sua produtividade e garantir a sustentabilidade de suas lavouras.